terça-feira, 1 de agosto de 2017

Amamentar

Antes do Pedro nascer e muito antes de engravidar, tinha uma ideia muito clara: quando tivesse um filho, iria amamentá-lo, o máximo tempo possível. Sempre soube que o leite materno é o melhor alimento que se pode dar ao bebé no primeiro ano de vida e em exclusividade nos primeiros seis meses. A par desta minha intenção firme, sabia de casos de muitas mulheres para quem amamentar foi horrível...ou porque o bebé não fazia bem a pega, ou porque sofreram horrores com mamilos gretados e mastites dolorosas, ou porque simplesmente, não gostaram da experiência. Isto causava em mim algum medo de que as coisas pudessem não correr tão bem como eu desejava...Felizmente,o meu bebé, que nasceu minúsculo (44 cm e 2,125 kg) o que faria supor alguma dificuldade nesta parte da amamentação, pegou na maminha como se já fizesse aquilo desde sempre. No início, era muito dorminhoco e adormecia facilmente...mas foi essa a única dificuldade que sentimos o que me levou a gostar cada vez mais desta experiência....ver o meu filho crescer saudável, sabendo que o alimento dele vinha de mim, foi das coisas mais bonitas que já me aconteceram enquanto mãe. Não consegui manter a exclusividade até aos 6 meses e (burrice e insegurança minha), comecei a introduzir a sopa aos 5 meses...hoje, após muita pesquisa e porque este tema é realmente algo que me fascina muito, não o faria. A natureza é muito sábia...e produz um alimento perfeito! A sociedade, e mais concretamente este consumismo estúpido, semeia nas mães medos ridículos e infundados...não raras vezes, oiço mulheres dizerem que deixaram de amamentar aos dois, três meses porque o leite "era fraco" ou porque "não  tinham leite suficiente". O problema é que estes medos são reiterados pelos próprios profissionais de saúde e as mães, que querem dar o melhor aos seus bebés, acabam por ir na onda... Eu própria sofri pressões (ainda sofro, 11 meses depois) para deixar de amamentar. Com um bebé sempre abaixo do percentil 3, é muito, muito difícil não ceder...e apesar de as pessoas não fazerem por mal, é terrível estar constantemente a ouvir que o nosso leite já não alimenta, que é pouco e que assim a criança passa fome...mesmo sabendo que é tudo um disparate, comprovado pela ciência e afirmado por organismos que entendem efectivamente de nutrição e de crianças... Onze meses depois, continuo a amamentar o Pedro que continua abaixo do percentil 3 mas que é uma criança saudável a transbordar energia e que não me pega num biberão, copo adaptado ou copo normal de leite adaptado. Sim, já tentei dar-lhe leite adaptado porque o cansaço, às vezes é mais forte e passar uma semana sem dormir uma hora de sono seguida, é insano. No entanto, parei de tentar quando percebi que ele detestava aquilo...Depois até percebi que afinal ele passou uma semana a acordar tantas vezes porque estava a chocar uma infeçãozita no ouvido...Nada tinha a ver com fome mas lá está...acho que o nosso cérebro está tão contaminado com a ideia de que o leite materno pode não ser o melhor, que até eu, que acredito que sim, que é o melhor, me deixo levar por essas histórias. Atenção que não estou a criticar as mães que, fosse porque motivo fosse, não amamentaram ou deixaram de o fazer passado pouco tempo. Acredito mesmo que todas a mães querem o melhor para o seus filhos e que a amamentação tem de ser algo que faça sentido para a mulher...Para mim faz. Quero continuar a amamentar o Pedro o máximo de tempo possível porque sei que estou a dar-lhe o melhor de mim. Se tem desvantagens? Tem...não posso pensar em deixá-lo a dormir em casa dos avós, ou ficar longe dele muito tempo...mas o tempo passa tão depressa...parece que foi ontem que nasceu e já vai fazer um ano! Por isso, desconfio que em breve já será ele a querer ficar em casa dos avós ou de algum coleguinha da escola. Enquanto isso não acontece, aproveito cada segundo com ele e dou—lhe o melhor alimento que a natureza tão sabiamente produz, só para ele. Alem isso, amamentar não é só alimentar...é também dar amor, colo e aconchego...e isto é tão importante para um desenvolvimento saudável como o alimento. E às mamãs que querem amamentar e que por qualquer motivo não o fazem, só posso pedir que, por favor, não privem o vosso filho desta dádiva! Informem—se, não cedam e confiem que a natureza sabe o que faz.