segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Mais de um mês depois, o Pedro continua a chorar quando fica no colégio. 
E no meu coração forma-se uma espécie de nó que desce até ao estômago e depois sobe até à garganta e lá permanece até ao momento em que, ao fim do dia, o abraço outra vez. Dizem que é mais difícil para nós do que para eles. Espero que sim. Espero mesmo que sim. 

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

A minha primeira saída à noite após o Pedro (Yeah!)

Na passagem de ano, saí à noite!Sim, sim...pareço uma adolescente a anunciar ao mundo a primeira saída...Mas é que eu já não faço isto há precisamente 18 meses, altura em que fiquei em casa com gravidez de risco. A partir de então das pouquíssimas vezes que tentei fazer a loucura de pôr o nariz fora de casa para lá das 20:00h o Pedro acordou aos berros (literalmente aos berros) e acabei sempre em casa, na cama e com a sensação de que estava prisioneira para a vida toda dos sonos do meu filho. Na noite de passagem de ano, dei de mamar ao Pedro, adormeci-o e decidimos arriscar uma vez mais e deixá-mo-lo com os avós. E não é que correu bem? O miúdo não só não acordou como, segundo a descrição da minha mãe, dormiu como um pequeno texugo a noite inteira. Como é possível? Como assim a noite inteira se, comigo, não dorme mais do que 4 horas (e isto já é a loucura) seguidas? Não parei de olhar para o telemóvel a noite toda, na expectativa de receber uma chamada dos meus pais a implorar que fosse para casa e com o típico sentimento de culpa por ter deixado o meu filho em casa enquanto eu ia para a festa. Não recebi chamada nenhuma e de manhã, fui dar com ele bem disposto, sorridente e sem grande ressentimento por tê-lo deixado (pequeno ingrato!)...Quanto a mim, cheguei a casa relativamente cedo para uma noite de passagem de ano, mas tão estourada que acho que só volto a repetir a façanha outra vez, daqui a 18 meses. Já não tenho energia para aguentar tantas horas de pé a ver miúdas a cantar as canções todas de cor (pelos vistos já são "bué" antigas mas eu nunca as ouvi), a ter de gritar para me fazer ouvir, tal é o volume da música e a fingir que estou super contente quando na verdade, dói-me tudo e só me apetece chegar a casa, comer uma rabanada e ir dormir 24 horas seguidas. Portanto, a expectativa de dançar até de madrugada enquanto convivo alegremente com as minhas amigas de infância (não esteva lá nenhuma porque todas têm pequenas feras em casa a precisar delas) foi por água abaixo. Há coisas que têm piada no tempo certo e estas aventuras nocturnas, definitivamente, já a perderam. Portanto, a próxima saída não está agendada para breve...talvez no próximo dia 31 de Dezembro pense nisso. 

Avós

Os últimos dias têm sido duros. Entre noites mal dormidas (e não dormidas também), idas às urgências com o Pedro, diarreias, preocupações constantes e dores no corpo todo, não houve tempo para parar. Nem para pensar. Não tenho dormido mais de 4 ou 5 horas por noite, interrompidas pelos frequentes despertaras do Pedro. De manhã, levanto-me com a sensação de ter levado uma sova e vou trabalhar em piloto automático. Mas no meio deste caos de cansaço e de teste à resistência física e psicológica, temos a sorte imensa e indescritível de ter avós disponíveis que ajudam a tornar os dias (e as noites) mais leves e suportáveis quando o cansaço nos vence. Os anjos também existem aqui na terra e nós temo-los bem perto de nós. Ver o amor que existe entre o meu filho e os avós, podermos entregar-lhes o nosso maior tesouro, de olhos fechados e ir trabalhar com a certeza de que será tão amado por eles como por nós, não tem preço. E não é preciso esperar pelo dia dos avós ou pelo dia de aniversário de um deles para dizer isto...todos os dias são dias de agradecer...a eles pela ajuda enorme que têm dado e a Deus pela graça de os termos por perto.
E então se eles não estivessem, conseguiríamos? Claro que sim...tenho a perfeita noção de que, a maioria dos pais não tem este precioso suporte e também conseguem...mas isso ainda nos dá mais razões para sermos gratos. 

sábado, 6 de janeiro de 2018

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Hoje fui trabalhar e deixei o Pedro em casa com os meus pais porque o Bruno também foi trabalhar. Sempre que isto acontece percebo a imensa sorte do meu filho, por ter avós tão presentes e tão disponíveis. E isto é um motivo mais do que suficiente para eu me sentir imensamente grata.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Balanço do ano

Dormi mal
Não dormi nada
Comprei casa
Foi o ano do baptizado do Pedro
Continuei a amamentar o Pedro (consegui passar os 12 meses de amamentação)
Trabalhei muito
Desmotivei muito
Desiludi-me muito
Descobri (admiti) que não estou bem e que as noites sem dormir fizeram estragos
Decidi tratar disso.






sexta-feira, 3 de novembro de 2017

sábado, 30 de setembro de 2017

Hoje, acordei triste

Ser mãe, ensinou-me a olhar para a vida de uma forma diferente. Aumentou em mim o amor mas também o medo. A paciência (para o meu filho) e a falta dela (para o mundo em geral e para a hipocrisia, em particular). Hoje o dia acordou cinzento e eu, acordei cansada, depois de uma noite mal dormida (aquilo do Pedro dormir a noite inteira, aconteceu uma vez...e nunca mais). E hoje, acordei assim meio cinzenta, como o dia...e a pensar como vou explicar ao meu filho a falsidade velada das pessoas. Como lhe vou explicar que vivemos, efectivamente, num mundo de egoísmo em que cada um só tem olhos para o seu próprio umbigo. Como lhe vou explicar que é preciso ser-se muito forte para não ir na corrente. Como lhe vou dizer que vale a pena ser bom, quando à nossa volta, tantas vezes, só vemos maldade. Pura maldade. Maldade refinadíssima, maquilhada e sorridente. Como o vou ensinar a manter-se íntegro e a lutar pela verdade, quando parece que, no final das contas, quem se safa é sempre quem mente mais, quem finge mais, quem pisa nos outros para sobressair...e o problema é que acaba mesmo por sobressair. Se calhar, é deste cansaço ou de uma série de situações que têm acontecido na minha vida nos últimos tempos...Ou se calhar, é só mesmo porque o dia acordou cinzento. Mas hoje, estou triste e com uma vontade enorme de ter o meu filho colado a mim...bem perto do meu coração...para protegê-lo deste mundo estúpido e cruel. 

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

O primeiro dia de colégio ou "como deixar uma mãe com o coração em cacos"

Não me venham dizer que é normal, que acontece com todos, que é a vida, que é bom para o desenvolvimento dele. Já sei disso tudo, muito obrigada. Já sei mas de nada me serve saber quando, após duas horas de "adaptação", vou buscar o meu filho ao colégio e percebo que esteve a chorar compulsivamente durante, suponho eu, as duas horas que lá esteve. A educadora tentou acalmar-me ao dizer-me que "vou-lhe ser sincera, chorou um bocadinho"...mas "um bocadinho" é muito relativo e eu sei, pelos suspiros que se mantiveram durante muito tempo que foi "um bocadinho" bem grande. Não chorei. Peguei nele ao colo, dei-lhe maminha e, apesar dele não perceber nada, disse-lhe que a escola era um lugar bom com meninos queridos e que ia ser muito fixe, como se também estivesse a falar para mim própria. Mas à noite, sozinha, chorei o tempo que ele chorou porque pensar que ele está a sofrer por achar que foi abandonado, parte-me o coração em mil pedaços. Não estou a ver como vou fazer para o deixar lá outra vez. Sei que tem de ser, que é assim mesmo mas sabem que mais? Não devia ser. Não devia ser permitido este sofrimento. Não me perguntem por soluções porque não pensei nisso. Mas não devia ser assim. 

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Amamentar

Antes do Pedro nascer e muito antes de engravidar, tinha uma ideia muito clara: quando tivesse um filho, iria amamentá-lo, o máximo tempo possível. Sempre soube que o leite materno é o melhor alimento que se pode dar ao bebé no primeiro ano de vida e em exclusividade nos primeiros seis meses. A par desta minha intenção firme, sabia de casos de muitas mulheres para quem amamentar foi horrível...ou porque o bebé não fazia bem a pega, ou porque sofreram horrores com mamilos gretados e mastites dolorosas, ou porque simplesmente, não gostaram da experiência. Isto causava em mim algum medo de que as coisas pudessem não correr tão bem como eu desejava...Felizmente,o meu bebé, que nasceu minúsculo (44 cm e 2,125 kg) o que faria supor alguma dificuldade nesta parte da amamentação, pegou na maminha como se já fizesse aquilo desde sempre. No início, era muito dorminhoco e adormecia facilmente...mas foi essa a única dificuldade que sentimos o que me levou a gostar cada vez mais desta experiência....ver o meu filho crescer saudável, sabendo que o alimento dele vinha de mim, foi das coisas mais bonitas que já me aconteceram enquanto mãe. Não consegui manter a exclusividade até aos 6 meses e (burrice e insegurança minha), comecei a introduzir a sopa aos 5 meses...hoje, após muita pesquisa e porque este tema é realmente algo que me fascina muito, não o faria. A natureza é muito sábia...e produz um alimento perfeito! A sociedade, e mais concretamente este consumismo estúpido, semeia nas mães medos ridículos e infundados...não raras vezes, oiço mulheres dizerem que deixaram de amamentar aos dois, três meses porque o leite "era fraco" ou porque "não  tinham leite suficiente". O problema é que estes medos são reiterados pelos próprios profissionais de saúde e as mães, que querem dar o melhor aos seus bebés, acabam por ir na onda... Eu própria sofri pressões (ainda sofro, 11 meses depois) para deixar de amamentar. Com um bebé sempre abaixo do percentil 3, é muito, muito difícil não ceder...e apesar de as pessoas não fazerem por mal, é terrível estar constantemente a ouvir que o nosso leite já não alimenta, que é pouco e que assim a criança passa fome...mesmo sabendo que é tudo um disparate, comprovado pela ciência e afirmado por organismos que entendem efectivamente de nutrição e de crianças... Onze meses depois, continuo a amamentar o Pedro que continua abaixo do percentil 3 mas que é uma criança saudável a transbordar energia e que não me pega num biberão, copo adaptado ou copo normal de leite adaptado. Sim, já tentei dar-lhe leite adaptado porque o cansaço, às vezes é mais forte e passar uma semana sem dormir uma hora de sono seguida, é insano. No entanto, parei de tentar quando percebi que ele detestava aquilo...Depois até percebi que afinal ele passou uma semana a acordar tantas vezes porque estava a chocar uma infeçãozita no ouvido...Nada tinha a ver com fome mas lá está...acho que o nosso cérebro está tão contaminado com a ideia de que o leite materno pode não ser o melhor, que até eu, que acredito que sim, que é o melhor, me deixo levar por essas histórias. Atenção que não estou a criticar as mães que, fosse porque motivo fosse, não amamentaram ou deixaram de o fazer passado pouco tempo. Acredito mesmo que todas a mães querem o melhor para o seus filhos e que a amamentação tem de ser algo que faça sentido para a mulher...Para mim faz. Quero continuar a amamentar o Pedro o máximo de tempo possível porque sei que estou a dar-lhe o melhor de mim. Se tem desvantagens? Tem...não posso pensar em deixá-lo a dormir em casa dos avós, ou ficar longe dele muito tempo...mas o tempo passa tão depressa...parece que foi ontem que nasceu e já vai fazer um ano! Por isso, desconfio que em breve já será ele a querer ficar em casa dos avós ou de algum coleguinha da escola. Enquanto isso não acontece, aproveito cada segundo com ele e dou—lhe o melhor alimento que a natureza tão sabiamente produz, só para ele. Alem isso, amamentar não é só alimentar...é também dar amor, colo e aconchego...e isto é tão importante para um desenvolvimento saudável como o alimento. E às mamãs que querem amamentar e que por qualquer motivo não o fazem, só posso pedir que, por favor, não privem o vosso filho desta dádiva! Informem—se, não cedam e confiem que a natureza sabe o que faz.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Das raízes

Miranda não é a cidade onde nasci mas morei lá grande parte da minha vida. Depois, pela força da interioridade e como acontece com a grande maioria do pessoal jovem, tive de sair para ir estudar. Estive no Porto cinco anos e regressei a Trás-os-Montes (desta vez para Bragança) para exercer a minha actividade profissional. Gosto de Bragança. Foi lá que conheci o meu marido, foi lá que nasceu o meu filho, lá tenho grandes amigos e agora, a minha casa. Mas no Sábado, aconteceu alguma coisa dentro de mim que nunca me tinha acontecido...pela primeira vez, senti-me parte de um lugar...senti que afinal, Miranda, é o meu lugar. Não sei se foi de cantar em mirandês as arribas, as flores e o Douro...não sei se foi de me ver na Praça onde tantas vezes brinquei em criança, rodeada de gente que me viu crescer...não sei se foi a noite amena de julho rasgada pelo som da gaita de foles...senti que afinal todos temos um lugar e que Miranda, é o meu.  Esta clarividência aconteceu-me de uma maneira tão inesperada como bonita...trinta e dois anos depois. Miranda é uma cidade pequena de tamanho mas grande de tradições e de beleza. Miranda tem alma. Tem raiz. Miranda fala uma língua doce e musical. Miranda tem música. Miranda é música. Miranda é apenas mais um lugar do mundo...mas é o meu lugar. E apesar de termos sempre a tendência de apontar defeitos às pessoas que são da nossa convivência, não posso dizer que em Miranda há pessoas piores que noutros lugares...apenas que há pessoas... capazes de coisas más mas também de coisas muito boas e muito belas. Pessoas de coração grande e generoso. Gente lutadora, aguerrida e com vontade de fazer melhor. Gente que se destaca em várias áreas e que me enche de orgulho e de gratidão. No Sábado, olhei para o meu filho que dormia no colo do avô e pensei que quero muito que ele sinta também esta pertença. Quero que ele cresça a saber que pode voar mas que tem uma raiz que o prende a um passado e a uma história da qual ele faz parte. E quero que um dia, quem sabe, numa qualquer noite de julho ele sinta o mesmo respeito e gratidão que eu senti ao saber que afinal, posso correr o mundo que haverá sempre um lugar onde posso voltar e sentir-me em paz por saber que regressei a casa.